Resumo
A busca por materiais que garantam a eficiência energética em edifícios cresce continuamente. O uso de agregados porosos possui potencial no aumento do isolamento térmico, contudo também reduzem a resistência mecânica das argamassas. Para contornar essa dificuldade, aditivos plastificantes são empregados para reduzir a água de amassamento das misturas, resultando em maiores resistências mecânicas. Este estudo avaliou a interação da adição combinada da vermiculita expandida com plastificante à base de lignosulfonato em argamassas de revestimento. Foram preparadas argamassas com traço 1:3 em volume, com substituição de 0%, 25% e 50% de areia por vermiculita expandida e adição de 0 e 2% do aditivo plastificante. As argamassas foram caracterizadas no estado fresco e endurecido. A adição de 2% de plastificante na argamassa contendo 50% de vermiculita, além de aumentar a resistência à compressão e à tração na flexão, apresentou um aumento no isolamento térmico, confirmando que o uso combinado vermiculita-lignosulfonato exerce uma influência positiva no desempenho térmico das argamassas analisadas.
Palavras-chave:
Edificações eficientes; Argamassas leves; Vermiculita expandida; Plastificante; Termoisolante.
Abstract
The search for building materials that ensure energy efficiency in buildings is becoming greater. The partial replacement of sand by porous aggregates, has great potential for modifying the thermal properties of mortars, however, porous aggregates also reduce the mechanical strength of mortars. To get around this difficulty, plasticizing additives are employed to reduce the mixing water of the mixtures, resulting in greater mechanical resistance of the mortars. This study was to evaluate the interaction of the combined addition of expanded vermiculite with a plasticizer based on lignosulphonate in coating mortars. Mortars with a ratio of 1:3 in volume were prepared, replacing 0%, 25% and 50% of sand with expanded vermiculite and adding 0 and 2% of plasticizer additive. The resulting mortars were characterized in the fresh state and in the hardened state. The addition of 2% plasticizer to the mortar containing 50% vermiculite, besides increasing compressive and flexural tensile strength, showed an improvement in thermal insulation. This confirms that the combined use of vermiculite and lignosulfonate positively influences the thermal performance of the analyzed mortars.
Keywords:
Efficient building; Light mortars; Expanded vermiculite; Plasticizer; Thermal insulation.
Introdução
O conforto térmico tem sido uma preocupação crescente devido as variações climáticas e as emissões de gases de efeito estufa que são responsáveis pelo aumento da temperatura média da Terra, trazendo problemas de saúde e desconforto (Scottet al., 2023). A busca por reduzir as emissões de gases e melhorar a eficiência energética nas edificações tem sido impulsionada por acordos internacionais e políticas governamentais (Biato, 2004). Diante deste cenário a indústria da construção civil tem se empenhado em utilizar novos materiais para melhorar o isolamento térmico em edifícios e reduzir o consumo de energia elétrica. No Brasil encontram-se em vigor a NBR 15220 (ABNT, 2022) e a NBR 15575 (ABNT, 2021), que tratam do desempenho das edificações habitacionais.
Nesse contexto, o emprego de argamassas leves tem se mostrado promissor para alcançar melhorias no conforto térmico, reduzindo a condutividade térmica das construções. Isso é comumente alcançado por meio do uso de agregados leves, como por exemplo argila expandida (Fontes et al., 2022), resíduos plásticos (Dulsang et al., 2016) e vermiculita (Koksal; Mutlauy; Gencel, 2020). São materiais com características porosas nos quais os vazios em seu interior impedem a transferência de calor por condução, aumentando a resistência térmica do sistema de vedação.
A vermiculita é um mineral derivado da mica composto por silicato hidratado de magnésio, alumínio e ferro (Ugarte; Sampaio; França, 2008). Seu elevado volume de vazios é responsável por reduzir a densidade e a condutividade térmica dos materiais de construção (Shoukry et al., 2016). No entanto, a adição de vermiculita a uma matriz cimentícia pode causar uma considerável redução em suas propriedades de resistência à compressão e à tração na flexão, o que pode inviabilizar sua aplicação (Xu et al., 2015). Mo et al. (2018) registraram uma redução da resistência à compressão de 50% e 63% quando a vermiculita expandida foi incorporada em substituições de volume de 30% e 60%, respectivamente. Essa diminuição ocorre, devido ao agregado mais fraco proporcionar menor resistência à propagação de fissuras e, portanto, reduzir a capacidade de carga das argamassas.
Becker, Effting e Schackow (2022) analisaram as propriedades mecânicas e térmicas de argamassas de revestimento leves otimizadas através da substituição parcial do agregado miúdo por vermiculita. Para resistência à compressão apenas as misturas com 15% de substituição de areia por vermiculita, em volume (vol.), atingiram o valor mínimo de 2,40 MPa exigido pela norma C270 (ASTM, 2019) para argamassas para alvenaria. Misturas com 20%vol de substituição não apresentaram resistência à compressão adequada. A presença da vermiculita na argamassa permitiu uma redução da condutividade térmica em até 48%.
Dessa forma, uma série de pesquisas vem sendo desenvolvidas com o objetivo de mitigar essa perda de resistência mecânica em decorrência do uso desse mineral em argamassa. Shoukry et al. (2016) por exemplo utilizaram metacaulim nanoparticulado para melhorar a resistência mecânica de argamassas com vermiculita expandida. Eles mostraram que a incorporação de 10% desse pó proporcionou um aumento de 57% na resistência a compressão de compósitos de cimento branco com substituição de 70%vol. por vermiculita, e recomendam o uso deste compósito como revestimento de eficiência energética superior para edificações.
Plastificantes são usualmente utilizados para redução da quantidade água necessária para produção de argamassas. Contudo há um efeito secundário de aumento na resistência mecânica desses materiais cimenticios, como é o caso dos plastificantes a base de lignosulfonatos (El-Gamal; Al-Nowaiser; Al-Baity, 2012; Nagrockiene; Pundiené; Kicaite, 2013; Topçu; Atesin, 2016). Esses plastificantes reduzem a relação água/cimento nas misturas através da desaglomeração das partículas de cimento por meio do mecanismo de repulsão eletrostática, promovendo melhorias na trabalhabilidade, diminuindo a porosidade e aprimorando suas propriedades mecânicas (Recena, 2002; Aitcin; Jolicoeur; Macgregor, 1994). No entanto, é importante considerar que o uso de aditivos pode levar à redução da eficiência no conforto térmico, uma vez que que ocorre uma redução da porosidade, gerando um aumento na condutividade térmica da matriz cimentícia. E, além disso, um fator que pode afetar a compatibilidade cimento-aditivo é a presença de adições minerais e a dosagem do aditivo, uma vez que os aditivos podem interagir não apenas com o cimento, mas também com esses outros componentes afetando as propriedades finais do cimento significativamente (Nagrockiene; Pundiené; Kicaite, 2013; Alonso; Palacios; Puertas, 2013).
Embora o uso de vermiculita expandida em argamassas e o uso de aditivo plastificante à base de lignosulfonato em materiais cimenticios sejam conhecidos na literatura, ainda não há relatos acerca do uso de plastificantes lignosulfonatos na melhoria das propriedades termomecânicas das argamassas contendo a vermiculita expandida. O presente trabalho visa preencher esta lacuna do conhecimento, para assim contribuir com o desenvolvimento de soluções sustentáveis com argamassas eficientes em termos de conforto térmico na construção civil, encontrando um equilíbrio entre o isolamento térmico promovido pela adição de vermiculita e a compensação da perda de resistência mecânica à compressão e à tração na flexão, com o uso de um plastificante.
Materiais
Foram utilizados o cimento Portland Pozolânico (CPII-Z 32) da Votorantim e dois tipos de agregados miúdos: areia natural fina (AN) e vermiculita expandida (V) adquirida da Brasil Minérios S.A, no qual foi utilizada granulometria passante na peneira 2,4 mm. A distribuição granulométrica das misturas utilizadas é mostrada na Figura 1 e as suas propriedades físicas estão dispostas na Tabela 1. Foi utilizado aditivo plastificante composto a base de lignosulfonatos, composto por sais sulfonados e carboidratos em meio aquoso, possui densidade de 1,06 ± 0,02 kg/ L e pH de 6,0 ± 1,0. A água utilizada foi a proveniente da rede de distribuição local.
Métodos
As argamassas foram preparadas de modo padronizado utilizando misturador mecânico, de acordo com a NBR 16541 (ABNT, 2016b). Como referência, utilizou-se uma argamassa sem vermiculita expandida, de traço 1:3 (cimento:areia) em volume, posteriormente transformadas para massa. A areia natural foi substituída, também em volume, pelas porcentagens de 25% e 50% de argila expandida. O aditivo quando utilizado foi adicionado numa quantidade equivalente a 2% em massa de cimento e foi incorporado a 50% da água de mistura conforme indicação do fabricante. A Tabela 2 mostra a composição das argamassas estudadas - cimento (C), areia (AN), vermiculita expandida (VE) e plastificante (P) - bem como o traço dessas em volume e suas respectivas porcentagens de substituição do agregado convencional pelo agregado leve.
Para os ensaios no estado fresco, inicialmente foi realizado o método para a determinação do índice de consistência das argamassas, sendo considerada ideal a quantidade de água - em cada traço - o que proporcionou espalhamento médio de 260 ± 5 mm, de acordo com a NBR 13276 (ABNT, 2016a). Também foi determinada a densidade de massa das argamassas, o que se deu por meio da relação entre a quantidade de massa de argamassa e um recipiente de volume conhecido, conforme estabelece a NBR 13278 (ABNT, 2005a).
Distribuição granulométrica dos agregados ( V0 - 0% de substituição pela vermiculita, V25 - 25% de substituição pela vermiculita, V50 - 50% de substituição pela vermiculita)
Para a realização de ensaios no estado endurecido das argamassas, foram produzidos corpos de prova prismáticos de 4 cm x 4 cm x 16 cm, de acordo com a NBR 13279 (ABNT, 2005b). Os corpos de prova foram desmoldados 24 horas após sua moldagem e deixados em tanques de cura com água saturada de cal por 28 dias. Foi utilizada uma máquina universal de ensaios para determinar as resistências à tração na flexão e à compressão, seguindo orientações da NBR 13279 (ABNT, 2005b). O módulo de elasticidade dinâmico foi determinado por meio indireto, com base na propagação de ondas ultrassônicas, conforme a NBR 15630 (ABNT, 2008). Foram realizados ensaios de densidade de massa aparente, índice de vazios, bem como a absorção de água para caracterização das referidas argamassas (ABNT, 2005c; ABNT, 2009).
O ensaio de resistência potencial de aderência à tração (RAT) foi realizado conforme a norma NBR 13528 (ABNT, 2019), no qual foram realizados cortes com o auxílio da serra copo no revestimento curado com 28 dias (Figura 2(a)) e após limpeza da superfície foram coladas pastilhas metálicas cilíndricas (50mm de diâmetro e espessura de 10 mm) com cola à base epóxi e realizado o ensaio após 24 horas. Para cada composição, foram extraídas 12 amostras através do aparelho de arracamento de argamassa (Figura 2(b)) e obtida a média e desvio padrão da RAT.
O ensaio de determinação do isolamento térmico das amostras foi realizado conforme metodologia utilizada nos estudos realizados por Araújo et al. (2022) e Fontes et al. (2022). O ensaio consiste em um simulador composto de uma caixa de madeira revestida por poliestireno expansivo com dimensões de 80 cm x 60 cm x 50 cm, uma fonte de calor (lâmpada infravermelha) de 250 W e uma divisória interna de espuma, no qual são dispostas as placas de revestimentos com 1,5 cm de espessura. Os painéis ficaram ligados à sensores de temperatura, localizados na parte externa e interna de cada face dos revestimentos, estando estes conectados a um arduino que transmite as leituras das temperaturas obtidas a cada minuto para um software (CoolTerm). Cada amostra foi ensaiada por 180 minutos, tempo em que se observou a estabilização da temperatura. Foram confeccionadas placas com as argamassas de estudo, de dimensões 24 cm x 40 cm com espessura de 1,5 cm, no qual foram posicionadas na divisória interna na câmara fria, conforme mostra a Figura 3. O efeito geral de isolamento da amostra foi obtida através da diferença de temperatura obtida entre as faces externa e interna da argamassa. A temperatura da face da câmara que recebe a fonte de calor foi calculada pela média dos sensores 1, 2, e 3 e da câmara interna, pela média obtida dos sensores 4, 5 e 6.
Resultados e discussões
Nesta seção, serão expostos os resultados obtidos com a realização dos ensaios no estado fresco e no estado endurecido das argamassas, bem como o comportamento térmico estudado.
Estado fresco das argamassas
A partir do ensaio de índice de consistência, foi possível verificar que, para manter o mesmo espalhamento, a relação água/cimento (a/c) aumentou conforme aumentou a quantidade de vermiculita expandida na mistura, conforme apresentado na Tabela 3.
Isso ocorre devido à elevada capacidade de absorção de água pela vermiculita expandida, que contém alta porosidade como caracteristica da sua estrutura lamelar conforme pode ser observado na Figura 4. A morfologia das partículas da vermiculita obtida na Figura 4 foi avaliada em um Microscópio eletrônico de Varredura com Emissão de Campo (MEV-FEG) Zeiss, modelo Auriga 40, não havendo necessidade de metalização das partículas.
No entanto, com a adição do plastificante, a relação a/c diminuiu em todas as composições avaliadas. Isso ocorre porque o plastificante atua na dispersão das partículas de cimento, melhorando a trabalhabilidade da argamassa e reduzindo a quantidade de água necessária para manter a fluidez ideal (Flatt et al., 2003). Contudo, é importante ressaltar que a eficácia do plastificante na relação a/c diminui à medida que aumenta a porcentagem de vermiculita na mistura.
A densidade de massa das argamassas diminuiu com o acréscimo de vermiculita expandida, pois o agregado natural foi substituído por um agregado leve, com densidade de aproximadamente 4 vezes menor que o agregado natural.
Ensaio de resistência potencial de aderência à tração: (a) cortes no revestimento e (b) aderímetro - aparelho de arrancamento de argamassa
Ao introduzir o aditivo na mistura, foi observado um aumento da densidade no estado fresco para as amostras sem vermiculita. Por outro lado, para as amostras contendo vermiculita, houve uma redução da densidade. Esse efeito pode ser atribuído às interações eletrostáticas do aditivo e da vermiculita expandida no sistema. Pois a vermiculita possui uma carga superficial negativa em meios alcalinos, como é o caso da argamassa, o que a torna mais propensa a adsorver moléculas catiônicas (Teodoro; Parabocz; Rocha, 2020), assim como o plastificante que possuem moléculas com extremidades laterais com cargas negativas e aderem as partículas de cimento com carga positiva (Lima et al., 2018). Essas interações concomitantes no sistema podem reduzir à eficácia do aditivo nas amostras contendo vermiculita.
Estado endurecido das argamassas
Densidade aparente
Assim como observado nos resultados de densidade de massa no estado fresco, foi constatada uma redução significativa na densidade do material endurecido à medida que o teor de vermiculita expandida na mistura aumenta. Essa redução era esperada, uma vez que houve a substituição do agregado de maior densidade (areia) pelo agregado de menor densidade (vermiculita).
A adição do plastificante teve um efeito significativo na densificação da estrutura das argamassas para as amostras sem vermiculita e com 25% de substituição por vermiculita, o que era esperado uma vez que o uso do aditivo reduziu a relação a/c, promovendo uma estrutura mais densa com menos vazios, conforme mostra a Figura 5.
Especificamente, a utilização de 2% de plastificante resultou em um aumento de aproximadamente 4% na densidade em relação à amostra REF e um aumento de 2% nas amostras com 25% de vermiculita. Na amostra contendo 25% de vermiculita, observou-se uma redução na eficácia do aditivo. Essa diminuição pode ser atribuída às interações eletrostáticas entre a vermiculita e o aditivo, conforme demonstrado no estudo de Teodoro, Parabocz e Rocha (2020), no qual a vermiculita tem uma propensão à adsorção de moléculas catiônicas no sistema. Essa tendência de adsorção da vermiculita pode, por conseguinte, dificultar a ação do plastificante. Isso ocorre porque o adtivo lignosulfonato possui extremidades com cargas negativas, e que também têm afinidade pela aderência as fases de cimento que apresentam superfície positiva (Limaet al., 2018).
Entretanto a amostra com um teor de 50% de vermiculita apresentou uma redução de 3,5% na densidade em comparação com a amostra sem aditivo. Esse fenômeno provavelmente ocorreu devido à maior quantidade de vermiculita presente, isto, juntamente com os resultados anteriores indica que as fases cationicas do cimento podem possuir uma maior afinidade pela vermiculita do que pelo lignosulfonato ou, alternativamente, o grau de fases do clinquer adsorvidas pela vermiculita superou o do aditivo lignosulfonato (Ng; Justnes, 2016). Como resultado, a estrutura da argamassa ficou menos densa no estado endurecido pois a vermiculita atraiu partículas de cimento para suas lamelas, reduzindo a quantidade de partículas disponíveis para interagir com o lignosulfonato presente no plastificante conforme pode ser visto nas micrograficas apresentadas na Figura 6.
Absorção de água, índice de vazios e módulo de elasticidade
A Figura 7 relaciona o módulo de elasticidade dinâmico (Ed) das argamassas com seus respectivos valores de absorção de água (AA) e índice de vazios (Iv).
A absorção de água indica a presença de vazios permeáveis na argamassa, no qual observa-se um aumento na absorção de água e no índice de vazios à medida que o teor de substituição do agregado natural pela vermiculita expandida aumenta. O módulo de elasticidade das diferentes composições de argamassas revelou uma redução proporcional, conforme o teor de substituição do agregado natural pela vermiculita aumentava. Verificou-se que as argamassas com V25L0 e V50L0, apresentaram uma redução de aproximadamente 28% e 60%, respectivamente, em relação ao traço de referência (V0L0). Essa redução no módulo de elasticidade pode ser explicada pela estrutura porosa da vermiculita, que dificulta a propagação do pulso ultrassônico e, consequentemente, resulta em um módulo de elasticidade menor. Essa diminuição no valor do módulo de elasticidade é comum em compósitos que utilizam agregados leves, coforme demonstrado em estudos anteriores realizados por Palomar et al. (2015), que relataram uma redução de 12,64% e 48,14% no módulo de elasticidade de argamassas contendo 25% e 50% de vermiculita expandida, respectivamente, em comparação com a argamassa de referência.
O uso do aditivo plastificante nas amostras resultou em uma redução significativa tanto na absorção de água quanto no índice de vazios. Para a amostra V0L2, observou-se uma redução de 21% na AA e 18% no IV quando comparada à amostra V0L0. Já para a amostra V25L2, foram obtidas reduções de 10% na AA e 8% no IV. Consequentemente resultou em um aumento de 37% no módulo de elasticidade para a argamassa V0L2, e um aumento de 6% para a argamassa V25L2. Esses resultados corroboram com as análises anteriores, onde as argamassas V0L2 e V25L2 apresentaram um menor fator a/c, resultando em um menor índice de vazios (IV) e, consequentemente, em uma estrutura mais densa e com maior modulo de elaticidade quando comparadas com V0L0 e V25L0 respectivamente.
Micrografias (MEV-FEG Zeiss, modelo Auriga 40) com aumento 1000x das argamassas: (a) V25L0; (b) V25L2; e (c) V50L0 (d) V50L2
No entanto, ao analisar a amostra com 50% de vermiculita, e considerando seus respectivos valores de desvio padrão, não foi observada diferença nos parâmetros de AA, IV e Ed quando o aditivo plastificante foi utilizado mesmo com o aditivo agindo na redução do fator a/c na amostra V50L2. Esse fenômeno ocorreu devido a maior concentração de carga superficial negativa da vermiculita começar a adsorver as partículas de cimento como observado na Figura 6(c) e 6(d), diminuindo a concentração disponível para interagir com o aditivo, isso equilibra os vazios da matriz cimentícia com os vazios da vermiculita, resultando em uma estrutura menos densa no estado endurecido entretanto com índices de vazios constantes.
Resistência mecânica
Os dados obtidos nos ensaios de resistência à tração na flexão (RTF) e à compressão (RC) das argamassas estudadas e o consumo de cimento estão dispostos na Figura 8.
As resistências medidas das argamassas diminuiu à medida que o teor de substituição da areia pela vermiculita aumentou, entre as argamassas V0L0 e V50L0 foi observada uma redução na resistência à compressão de aproximadamente 52,8%, justificado pela maior quantidade de vermiculita expandida na argamassa que contribui para uma estrutura mais porosa e menos densa o que pode resultar em uma menor resistência à propagação de trincas e, portanto, reduz a capacidade de suportar carga das argamassas.
Com o uso do aditivo lignosulfonato em cada composição, é possível verificar incremento de 88,8% na resistência para a amostra de referência, 14,6% para a amostra com 25% de vermiculita e 15,2% para amostra com 50% de vermicilita Esse resultado era esperado, uma vez que a adição do plastificante resultou em uma menor quantidade de água utilizada nas misturas, com um pequeno aumento no consumo de cimento por metro cúbico, que permitem a utilização de maiores concentrações de sólidos no processo (Castro; Andolfelli, 2009). Além de promover maior concentração de sólidos, o aditivo teve diferentes efeitos nas composições estudadas. Nas argamassas sem vermiculita e naquela com 25% de vermiculita, o aditivo teve um efeito de densificação na estrutura, como já demonstrado anteriormente. Essa maior densidade resulta em um maior empacotamento das partículas, tornando a estrutura mais compacta e dificultando a propagação de trincas. Consequentemente, as argamassas se tornam mais resistentes. Por outro lado, na argamassa com 50% de vermiculita, embora tenha ocorrido uma redução na densidade, foi observado que o aditivo atuou equilibrando os vazios da mistura, densificando a matriz e promovendo uma distribuição mais homogênea dos poros, em comparação com a amostra V50L0. Como resultado, a argamassa V50L2 apresentou um melhor desempenho mecânico.
Resistência potencial de aderência à tração (RAT)
A Figura 9 apresenta os valores de resistência de aderência à tração. Para todas composições medidas a forma de ruptura se deu entre o substrato e a argamassa como pode ser observado na Figura 10. Não foi identificado efeito significativo na RAT quando usado vermiculita como substituição parcial do agregado miúdo nas argamassas, considerando o desvio padrão todas ficaram no mesmo patamar variando 0,36 Mpa a 0,54 Mpa. Ou seja, mesmo com a maior porcentagem de vermiculita, no qual foi responsável pelo aumento nos índices de vazios a RAT não variou. Todas as composições apresentam desempenho superior ao estabelecido pela NBR 13528 (ABNT, 2019) de 0,30 MPa para paredes externas e 0,20 MPa para paredes internas.
Resistência à tração na flexão, resistência à compressão e consumo de cimento das argamassas
Segundo a literatura as argamassas de revestimento com menor resistência à compressão podem apresentar maior resistência de aderência (propriedade primária) (Guilherme; Cabral; Souza, 2020), entretanto os resultados apotaram que nem a substituição do agregado natural pela vermiculita expandida, nem a utilização do aditivo lignosulfonato contribuiu para o incremento da RAT, obtendo resultados semelhante em todos os teores de substituição.
Comportamento térmico
A Figura 11 apresenta os resultados obtidos, considerando apenas o isolamento térmico das argamassas de revestimento que estão submetidas diretamente à fonte de calor.
Verifica-se que o isolamento apresentou três fases distintas. Uma fase inicial, na qual o material absorve calor, apresentando um isolamento praticamente linear até o tempo de aproximadamente 15 minutos, sendo a absorção de calor efetuada principalmente pelas partes sólidas da argamassa. De 15 a 70 min, o ar presente nos poros do material passa a esquentar, buscando um equilíbrio no isolamento. A partir de 65 min, as argamassas começam a apresentar um isolamento praticamente constante até o final do ensaio. Isso ocorre porque, após 65 min, o calor já se encontra em grande parte difundido no material, havendo um equilíbrio no isolamento, de tal forma que a ação isolante das argamassas não tem significativas alterações. Nota-se também que a taxa de isolamento varia com o aumento da substituição da areia natural pela vermiculita expandida e é maior para argamassas com maior teor de substituição. A amostra V50L2, que apresentou menor densidade, teve um ganho significativo de isolamento térmico em relação à amostra V0L2, aumentando a diferença de temperatura entre as faces do revestimento em 4,28 ºC. Esse resultado representa o maior ganho de isolamento térmico observado entre todas as amostras testadas, ressaltando a importância de argamassas com maior índice de vazios na eficiência do isolamento térmico.
Os traços de referência, tanto com aditivo quanto sem aditivo, apresentaram uma taxa de isolamento térmico mais baixa em comparação com as outras composições avaliadas. A amostra V0L0 registrou uma taxa de isolamento de 0,037ºC/min, enquanto a amostra V0L2 obteve uma taxa de isolamento de 0,027ºC/min. Como mencionado anteriormente, a presença do aditivo resultou em uma maior densificação da amostra de referência, reduzindo assim o índice de vazios e comprometendo seu potencial de isolamento térmico.
No entanto, as misturas de argamassa V25L2 e V50L2 apresentaram taxas de isolamento térmico mais elevadas, alcançando 0,041ºC/min e 0,051ºC/min, respectivamente, em comparação com V25L0 e V50L0, que obtiveram taxas de isolamento correspondentes a 0,038ºC/min e 0,047ºC/min. Conclui-se que o isolamento térmico é mais efetivo nessas argamassas quando há uma maior porcentagem de vermiculita, especialmente em combinação com o aditivo lignosulfonato (LS). As argamassas V25L2 e V50L2 isolaram aproximadamente 7,44ºC e 9,19ºC, respectivamente, representando um ganho de aproximadamente 7,7% e 9,3% em comparação com as amostras V25L0 e V50L0 respectivamente. Esse fenômeno pode ser compreendido ao considerarmos as forças eletrostáticas presentes no sistema, que resultam da combinação das atrações de van der Waals e das repulsões eletrostáticas e estéricas entre as partículas de cimento, juntamente com a presença de um aditivo e a adição do mineral. A inclusão do mineral exerce influência sobre as forças eletrostáticas, introduzindo íons que afetam a intensidade e a cinética da reação de hidratação do cimento (Nehdi; Mindess; Aiticin, 1998). Nesse contexto, a força eletrostática resultante impede a adsorção das partículas de cimento pela vermiculita, preservando os vazios lamelares, conforme ilustrado nas Figuras 6(b) e 6(d), promovendo assim um melhor desempenho térmico das argamassas contendo vermiculita.
Conforme a NBR 15575 (ABNT, 2021) todas as argamassas apresentaram nível de desempenho térmico superior para a zona 8, em que o valor máximo diário da temperatura do ar interior deve ser menor ou igual ao valor máximo diário da temperatura do ar exterior menos 2°C no verão. Este resultado garante maior conforto térmico, e menor consumo de energia para condicionamento artificial das edificações.
Conclusões
Com base neste estudo, conclui-se, no que tange ao efeito da incorporação de vermiculita expandida e do aditivo plastificante em argamassas de revestimento, que:
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o uso do aditivo plastificante diminuiu a quantidade de água necessária para se obter a mesma trabalhabilidade, reduzindo o fator a/c em 17%, 11% e 6% para amostras V0L2, V25L2 e V50L2 respectivamente;
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o aditivo teve eficiência variada na densidade de massas nas composições avaliadas, devido a influência da característica de superfície da vermiculita. Na amostra com 50% de vermiculita constatou-se uma redução de densidade, ao passo que nas amostras com 0% e 25% de vermiculita, houve aumento de densidade em relação as amostras sem aditivo;
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a substituição do agregado pela vermiculita aumentou a absorção de água por imersão e o índice de vazios devido a estrutura porosa do mineral. O módulo de elasticidade dinâmico foi afetado pela porosidade do material, sendo menor em misturas com maior porosidade. O aditivo reduziu a absorção de água e o índice de vazios nas amostras com 0% e 25% de vermiculita, além de aumentar em 37% o módulo de elasticidade na amostra com 0%. No entanto, o aditivo não teve efeito significativo nestas propriedades na amostra com 50% de vermiculita em comparação com as amostras sem aditivo;
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a resistência à compressão e à tração na flexão reduziram com o aumento da incorporação da vermiculita expandida nas argamassas. Para ambas as resistências analisadas, o efeito do aditivo perde eficiência com a presença da vermiculita na argamassa, no entanto, ainda é possível observar ganhos de resistência em todas as formulações. Na resistência a compressão, o incremento foi de 88,8%, 14,6% e 15,2% para as amostras V0L2, V25L2 e V50L2, quando comparadas com V0L0, V25L0 e V50L0 respectivamente; e
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a taxa de isolamento varia com o aumento da substituição da areia natural pela vermiculita, sendo maior para argamassas com maior teor de substituição. As argamassas com 25% e 50% de vermiculita apresentaram taxas de isolamento térmico mais elevadas, especialmente quando combinadas com o aditivo lignosulfonato, resultando em ganhos de isolamento de aproximadamente 7,7% e 9,3%, quando comparadas a V25L0 e V50L0 respectivamente.
Os resultados ressaltam a importância das interações entre o aditivo plastificante e os componentes da argamassa, especialmente quando se utiliza a vermiculita expandida como agregado. Notavelmente, o uso do aditivo plastificante nas argamassas com 50% de substituição do agregado natural pela vermiculita resultou em melhores propriedades de resistência mecânica e isolamento térmico. Essas descobertas abrem caminho para o desenvolvimento de materiais mais eficientes e sustentáveis na construção civil, reduzindo a transferência de calor entre o interior e exterior dos edifícios, tornando-os mais eficientes em termos energéticos e, consequentemente, promovendo uma significativa redução no consumo de energia elétrica.
Referências
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Datas de Publicação
-
Publicação nesta coleção
20 Dez 2024 -
Data do Fascículo
2025
Histórico
-
Recebido
19 Set 2023 -
Aceito
13 Dez 2023