Alfa: Revista de Linguística (São José do Rio Preto) https://www.scielo.br/journal/alfa/feed/ 2024-03-15T20:00:10.047000Z Vol. 68 - 2024 Werkzeug SOBRE AS RELAÇÕES ENTRE NOTA E SÍLABA NA PALAVRA CANTADA 10.1590/1981-5794-e14845 2024-03-15T20:00:10.047000Z 2020-08-09T06:48:08.832000Z CARMO JR, José Roberto do <em>Carmo Jr, José Roberto Do</em>; <br/><br/> RESUMO A palavra cantada apresenta frequentemente construções anômalas do ponto de vista prosódico. Tudo indica que tais construções não podem ser descritas exclusivamente pelo ambiente linguístico em que ocorrem. A excepcionalidade dessas construções se manifesta na realização de processos fonológicos em ambientes nos quais tais processos seriam bloqueados e, reciprocamente, em seu bloqueio em ambientes nos quais seria esperada a sua realização. O objetivo do presente trabalho é descrever esse comportamento divergente da palavra cantada com relação à palavra falada. Inicialmente apresentaremos exemplos que ilustram a dimensão e a generalidade do problema. Em seguida argumentaremos que a excepcionalidade constatada pode ser explicada se assumirmos a hipótese de que a relação entre texto e melodia na palavra cantada é determinada por condições de boa formação. Uma dessas condições, que denominamos Pareamento Métrico, estabelece que a relação entre nota e sílaba é sempre bijetiva, ou seja (I) toda e qualquer nota de uma melodia deve ser pareada a uma e apenas uma única sílaba, e (II) toda e qualquer sílaba de uma cadeia deve ser pareada a uma e apenas uma única nota. A observância dessa condição de boa formação explica tanto a realização quanto o bloqueio de processos fonológicos em divergência com a fonologia do português falado. INTERDISCURSIVIDADE, METÁFORA E POLARIZAÇÃO: COMO A POPULAÇÃO EM SITUAÇÃO DE RUA É REPRESENTADA NOS EDITORIAIS DA FOLHA DE S. PAULO 10.1590/1981-5794-e18070 2024-03-15T20:00:10.047000Z 2020-08-09T06:48:08.832000Z MENDONÇA, Daniele Gruppi de RESENDE, Viviane de Melo <em>Mendonça, Daniele Gruppi De</em>; <em>Resende, Viviane De Melo</em>; <br/><br/> RESUMO Este artigo analisa a representação discursiva da população em situação de rua nos editoriais da Folha de S. Paulo entre 2011 e 2020, tendo como aporte teórico os Estudos Críticos do Discurso (ECD) e a análise de metáfora. Editoriais são textos que caracterizam o posicionamento de um jornal, principalmente em momentos marcantes e de tensão para a sociedade, por isso, são um importante objeto de investigação. O corpus deste artigo, parte de trabalho de investigação mais amplo, é composto por oito textos publicados ao longo de uma década. A análise considera as seguintes estratégias e categorias: quadrado ideológico (Van Dijk, 2015, 2017), interdiscursividade (Fairclough, 2001, 2003) e a análise de metáfora (Charteris-Black, 2004). As análises apontam que os editoriais constroem representações negativas da população em situação de rua favorecendo o deslocamento forçado do grupo, negam seus direitos e disseminam discursos que contribuem para a exclusão e naturalização da desigualdade social. UMA ANÁLISE SEMÂNTICA DE ‘TAMBÉM’ COM USO ADITIVO NO PORTUGUÊS BRASILEIRO 10.1590/1981-5794-e14829 2024-03-15T20:00:10.047000Z 2020-08-09T06:48:08.832000Z BASSO, Renato Miguel CIPOLLI, Matheus Bittencourt <em>Basso, Renato Miguel</em>; <em>Cipolli, Matheus Bittencourt</em>; <br/><br/> RESUMO Neste artigo, propomos uma análise semântica e pragmática do uso do item ‘também’ do português brasileiro como partícula aditiva. Para tanto, num primeiro momento, identificamos alguns dos diferentes usos de ‘também’, e, então, isolamos seu uso como partícula aditiva. Fazemos, na sequência, uma comparação de ‘também’ com o item ‘too’, do inglês, que apresenta comportamento semelhante com relação a esse tipo de uso. Feito isso, apresentamos as intuições e análises encontradas em alguns trabalhos anteriores e analisamos em mais detalhe as vantagens e desvantagens da teoria proposta por Amsili e Beyssade (2010, 2013) sobre a partícula aditiva ‘too’ do inglês e ‘aussi’ do francês, quando aplicado ao item ‘também’ do português brasileiro. Propomos, então, em contraposição a Amsili e Beyssade (2010, 2013), uma análise de ‘também’ como partícula aditiva cuja função é criar listas, com base no trabalho de Zhang (2015), e que dá conta dos problemas que detectamos na análise de Amsili e Beyssade (2010, 2013). AULA DE PORTUGUÊS COMO ENCONTRO ENTRE A OUTRA PALAVRA E A PALAVRA OUTRA: UM ESTUDO SOBRE RELAÇÕES ECOLÓGICAS 10.1590/1981-5794-e17298 2024-03-15T20:00:10.047000Z 2020-08-09T06:48:08.832000Z IRIGOITE, Josa Coelho da Silva <em>Irigoite, Josa Coelho Da Silva</em>; <br/><br/> RESUMO Este artigo tem como tema o acontecimento aula de Português tomada como encontro (Ponzio, 2010a), no que diz respeito à formação dos alunos como leitores e produtores de textos-enunciados. O objetivo foi depreender possíveis implicações no acontecimento aula de Português entre: a) configuração organizacional das ações administrativas no âmbito da instituição escolar; b) configuração dos eventos e das práticas de letramento no âmbito das turmas campo de estudo; e c) práticas de letramento dos alunos participantes. O aporte teórico inclui o ideário vigotskiano, o Círculo de Bakhtin e os estudos do Letramento. A partir dos dados gerados, infere-se haver duas culturas escolares no campo de estudo, em relações ecológicas, as quais são nomeadas como cultura da (in)quietude na Escola 1 e cultura da (re)afirmação na Escola 2. Com base nos resultados, defende-se a tese de que o acontecimento aula de Português como encontro implica relações ecológicas no âmbito das duas culturas escolares coexistentes nessas mesmas relações: a (in)quietude e a (re)afirmação, reiteradas/retroalimentadas, respectivamente, nas/pelas três dimensões da arquitetônica tripartite de cada cultura, referendadas ambas pelo outro nos encontros – ou na ausência de tais encontros – dos sujeitos imersos na ecologia maior em estudo. “VIRADA MORAL” E ENTEXTUALIZAÇÃO DO HOMOSSEXUAL COMO PEDÓFILO EM FALAS DE BOLSONARO NO CONGRESSO (2000 A 2018) 10.1590/1981-5794-e17547 2024-03-15T20:00:10.047000Z 2020-08-09T06:48:08.832000Z MORAIS, Argus Romero Abreu de LOPES, Luiz Paulo da Moita <em>Morais, Argus Romero Abreu De</em>; <em>Lopes, Luiz Paulo Da Moita</em>; <br/><br/> RESUMO no presente artigo, reportamos sobre uma pesquisa qualiquantitativa em 922 pronunciamentos — notas taquigráficas — do Deputado Federal Jair Bolsonaro na Câmara dos Deputados no período de 2000 a 2018. Como objetivos, pretendemos analisar (i) a presença de itens lexicais religiosos e militares na retórica do ódio bolsonarista ao longo desse recorte cronológico e (ii) a “virada moral” no discurso político do parlamentar, quando, a partir de 2011, passa a associar a homossexualidade à pedofilia. Para tanto, ancoramo-nos em uma metodologia de análise lexical, aproximando a Linguística de Corpus da Antropologia Linguística. Nesse intuito, distribuímos os dados em dois subcorpora, de 2000 a 2010 e de 2011 a 2018, tendo como parâmetro, em um primeiro momento, descrever o contraste diacrônico nas ocorrências de 20 palavras-chave, divididas em dez para o Discurso religioso e dez para o militar, e, em um segundo, explicar o funcionamento da entextualização do signo “pedofilia” na (re)organização da relação entre discurso de ódio, homofobia e pânico moral nas falas do político. Os pronunciamentos foram processados no programa AntConc e no Excel. A partir de 2011, o Discurso bolsonarista se associa ao moralismo religioso, equilibrando o uso de léxicos do Discurso ultraconservador militar e do Discurso fundamentalista cristão. OS VERBOS DE DIZER COMO ESTRATÉGIA PARA <i>TRANSEDIÇÃO</i> NAS TRADUÇÕES DO <i>LE MONDE</i> PARA O PORTUGUÊS VIA SITE DA AGÊNCIA <i>RFI</i>: UMA ANÁLISE BASEADA EM <i>CORPUS</i> 10.1590/1981-5794-e18143 2024-03-15T20:00:10.047000Z 2020-08-09T06:48:08.832000Z Barbosa, Leandro Pereira Serpa, Talita <em>Barbosa, Leandro Pereira</em>; <em>Serpa, Talita</em>; <br/><br/> RESUMO Este estudo analisa o discurso relatado como um componente dos procedimentos de tradução da agência de notícias RFI para o jornal Le Monde . Examinamos a frequência do uso de verbos em um corpus comparable-cum-parallel (Francês Europeu (FE) ↔ Português Brasileiro (PB)) denominado Le Monde Journalistic Corpus (JOSTLE), baseado em Linguística de Corpus, Estudos de Tradução Baseados em Corpus e princípios de Tradução Jornalística. Identificamos os verbos mais comumente usados em ambas as línguas. Quaisquer discrepâncias no uso entre os verbos de reportagem e outros verbos empregados nessa função discursiva foram identificadas aplicando o software Sketch Engine . Além disso, observou-se a maior frequência desse recurso discursivo em PB, com os seguintes verbos apresentando a maior incidência estatística no corpus: “dizer” (106), “lembrar” (55), “afirmar” (42), “escrever” (35) e “apontar” (33). Nossa análise descobriu que esses verbos são usados em partes de gatekeeping que tradutores e jornalistas escolhem, sugerindo uma expansão, compressão e elisão dos Textos Fonte (TF) ao longo do processo de transedição . ANÁLISE COMPARATIVA ENTRE OS CONCEITOS DE “SIGNO/SÍMBOLO” DE ERNST CASSIRER E O CONCEITO DE “SIGNO IDEOLÓGICO” DE V. VOLÓCHINOV 10.1590/1981-5794-e18202 2024-03-15T20:00:10.047000Z 2020-08-09T06:48:08.832000Z KEMIAC, Ludmila <em>Kemiac, Ludmila</em>; <br/><br/> RESUMO Nos últimos anos, muitos estudos têm sido publicados sobre as influências e convergências entre o pensamento do chamado “Círculo de Bakhtin” e de outros autores contemporâneos dos pensadores russos M. Bakhtin, P. Medviédev e V. Volóchinov. Diversos pesquisadores ( Brandist, 1997 , 2002 , 2012 ; Poole, 1998 ; Lofts, 2000 2016 ; Tihanov, 2002 ; Faraco, 2009 ; Grillo, 2017 ; Marchezan, 2019 ) têm, nesse sentido, mostrado algumas convergências entre o pensamento do filósofo alemão Ernst Cassirer e o pensamento dos autores russos supracitados, bem como influências que aquele exerceu sobre o constructo teórico destes. Neste artigo, propomos, portanto, uma análise comparativa entre conceitos de “símbolo/signo” desenvolvidos por Cassirer e o conceito de “signo” delineado por Volóchinov, apontando similaridades, diferenças e possíveis influências daquele autor sobre este. Nosso caminho de análise pauta-se na busca por “princípios” ou “conceitos-chave” que possam sintetizar os conceitos supracitados. Concluímos que a ideia, defendida por Volóchinov, de que as diferentes esferas sociais (religião, arte, política etc.) vinculam-se por seu substrato sígnico sofre influência direta das teses cassirerianas. Também, a representação dos sistemas sígnicos, entendida como o “apontar para fora de si” do signo concreto, que correlaciona pelo menos duas realidades, recebe influência das premissas de Cassirer. PRINCÍPIOS DE ESTRUTURAÇÃO DA TOPONÍMIA URBANA: UMA ANÁLISE COMPARATIVA DA TOPONÍMIA DO PRIMEIRO TRINTÊNIO DA CIDADE DE BELO HORIZONTE 10.1590/1981-5794-e18222 2024-03-15T20:00:10.047000Z 2020-08-09T06:48:08.832000Z Cambraia, César Nardelli Seabra, Maria Cândida Trindade Costa de <em>Cambraia, César Nardelli</em>; <em>Seabra, Maria Cândida Trindade Costa De</em>; <br/><br/> RESUMO No presente estudo, apresenta-se uma análise comparativa da toponímia do primeiro trintênio da Cidade de Belo Horizonte com base em plantas de dois períodos: o conjunto documental cartográfico relativo a 1895-1897, composto de quatro plantas, e a planta geral da Cidade de Belo Horizonte organizada pela 1ª Seção da Subdiretoria de Obras em 1928-1929. Do ponto de vista teórico, este estudo se baseou fundamentalmente nos trabalhos de toponímia de Dick (1990a, 1990b e 1996) e Seabra (2016). Testou-se a hipótese de que houve mudanças relevantes nos princípios de estruturação da toponímia da Cidade de Belo Horizonte durante seu primeiro trintênio. A hipótese foi confirmada, uma vez que se constataram como mudanças relevantes, em termos de princípios, a relativização do Princípio da Unicidade e a emergência do Princípio da Supletividade, do Vetor Antropotoponímico, da Relação Biotópica e da Resiliência. Atestaram-se também certas constantes, como a atuação do Princípio da Extensão Limitada, da Unidade Temática, da Continuidade e da Legibilidade e a relativização do Princípio da Impessoalidade. VOBLING – UMA INTERSECÇÃO ENTRE <i>CORPUS</i> E UMA PLATAFORMA MULTIMODAL 10.1590/1981-5794-e18656 2024-03-15T20:00:10.047000Z 2020-08-09T06:48:08.832000Z Yamamoto, Márcio Issamu Fromm, Guilherme <em>Yamamoto, Márcio Issamu</em>; <em>Fromm, Guilherme</em>; <br/><br/> RESUMO Objetivamos refletir sobre a terminologia da Linguística analisada pela metodologia da Linguística de Corpus como pesquisa quantitativa e qualitativa. Para tanto, apresentamos, em parte, a construção do vocabulário bilíngue (português e inglês) da Linguística, baseado em corpus, denominado VoBLing, destinado a alunos iniciantes em Letras. Primeiramente, abordaremos a compilação desse corpus comparável, composto por 47 subáreas da Linguística. O registro pretendido foi acadêmico, a partir do qual descrevemos parte da terminologia da Linguística por meio de traços distintivos extraídos de linhas de concordância. As definições são construídas com base na definição terminológica e na definição enciclopédica previamente selecionadas pelo público-alvo. Em segundo lugar, essas funcionalidades foram organizadas em fichas terminológicas on-line do VoTec (Fromm, 2007), uma plataforma on-line bilíngue de gerenciamento terminológico. Portanto, este vocabulário on-line tem um enfoque terminológico e pedagógico, empregando uma abordagem multimodal, para introduzir conceitos linguísticos para alunos iniciantes em línguas. Os usuários têm acesso a definições e a diversos recursos pedagógicos que lhes permitem compreender os conceitos da Linguística e suas subáreas, o que a torna uma plataforma multimodal com potencial para mostrar a definição do termo em questão por meio da semiótica múltipla. TECNOLOGIAS DIGITAIS, LETRAMENTOS E MULTIMODALIDADE: POSSIBILIDADES PARA O ENSINO DA ORALIDADE EM INGLÊS NO ENSINO SUPERIOR 10.1590/1981-5794-e17292 2024-03-15T20:00:10.047000Z 2020-08-09T06:48:08.832000Z Oliveira, Flávia Medianeira de Dias, Reinildes <em>Oliveira, Flávia Medianeira De</em>; <em>Dias, Reinildes</em>; <br/><br/> RESUMO Este artigo relata uma investigação sobre oralidade (i.e., escuta e fala) desenvolvida com licenciandos em Letras-Inglês da Universidade Federal de Pelotas. Nossa intenção é construir uma pedagogia inovadora para práticas letradas orais fundamentadas em teorias recentes sobre a linguagem da era digital. O design e a criação das atividades de aprendizagem se apoiam nos estudos sobre letramentos, contextos de uso, diversidade e multimodalidade a partir dos preceitos da Semiótica Social. Sob a perspectiva do paradigma da pesquisa qualitativa, a análise revela que a pedagogia criada contribui para a construção de conhecimentos dos aspectos fundamentais da linguagem contemporânea pelos licenciandos. Os dados analisados evidenciam que os participantes foram capazes de transferir o que aprenderam para o processo de criar textos orais multimodais, enfocando contextos e propósitos diferenciados, com a integração das tecnologias digitais. AS PRÁTICAS DE LINGUAGEM NA AULA DE LÍNGUA PORTUGUESA NO ENSINO FUNDAMENTAL: SOBRE O QUE ESTAMOS FALANDO? 10.1590/1981-5794-e18064 2024-03-15T20:00:10.047000Z 2020-08-09T06:48:08.832000Z Pereira, Rodrigo Acosta Costa-Hübes, Terezinha da Conceição <em>Pereira, Rodrigo Acosta</em>; <em>Costa-Hübes, Terezinha Da Conceição</em>; <br/><br/> RESUMO Diferentes investigações em Linguística Aplicada, no Brasil, têm buscado estudar o trabalho com as práticas de linguagem nas aulas de Língua Portuguesa no Ensino Fundamental, seja à luz de pesquisas de cunho etnográfico, de pesquisa-ação, por exemplo, seja sob panoramas da análise de documentos e discursos. Dentro dessa abordagem, nosso artigo tem como objetivo propor uma discussão teórico-metodológica sobre o conceito de ‘práticas de linguagem’ que orbita em documentos parametrizadores nacionais, a partir da qual procuramos sistematizar um construto metateórico sobre esse conceito, olhando, mais especificamente, para a disciplina de Língua Portuguesa no Ensino Fundamental. Para tanto, em termos teóricos, nos situamos nos preceitos dos Estudos Dialógicos da Linguagem e, em termos metodológicos, nos ancoramos nos pressupostos da Metateorização e da Análise Documental. Os resultados demonstram que, nos documentos analisados, reverberam sentidos convergentes/aproximativos em relação às ‘práticas de linguagem’ como usos linguísticos em situações reais e como unidades ou eixos de ensino e de aprendizagem. A partir dos resultados, o estudo em tela propõe um panorama metateórico em torno deste conceito, não apenas retomando questões nucleares já demonstradas na análise documental, como questões outras, que ratifiquem a visão social, ideológica e política do trabalho com ‘práticas de linguagem’ na escola. AS RELAÇÕES TEXTUAIS COMO PROCEDIMENTOS PARA A ATRIBUIÇÃO DE AÇÕES NA INTERAÇÃO 10.1590/1981-5794-e18257 2024-03-15T20:00:10.047000Z 2020-08-09T06:48:08.832000Z Cunha, Gustavo Ximenes <em>Cunha, Gustavo Ximenes</em>; <br/><br/> RESUMO Neste trabalho, procuramos evidenciar o papel das relações textuais (tais como as de argumento, preparação e comentário) na atribuição de ações, ou seja, no processo por meio do qual os interlocutores usam diferentes recursos verbais e não-verbais para projetar e reconhecer ações, como pedir informação, convidar, ameaçar, parabenizar, criticar, etc. Na literatura sobre o tema, reconhece-se o papel fundamental da linguagem verbal nesse processo de atribuição de ações. Contudo, pouca atenção se deu ao papel que as relações textuais podem exercer nesse processo. Articulando contribuições teóricas da Pragmática conversacional e da Análise da Conversa etnometodológica, estudamos o papel das relações textuais na atribuição de ações em dois debates eleitorais presidenciais. O que se verificou com as análises foi que essas relações, expandindo o turno, fazem com que sentenças que, sem as relações, poderiam ser identificadas como asserções, pedidos de informação e conselhos sejam reconhecidas, em razão das relações, como desafios (provocações), críticas, acusações, ameaças, promessas, etc. VOCALIDADE DE SUCESSO: UMA ANÁLISE DOS DIZERES SOBRE A VOZ DE ALAN RICKMAN, O PROFESSOR SNAPE DA SAGA <i>HARRY POTTER</i> 10.1590/1981-5794-e18268 2024-03-15T20:00:10.047000Z 2020-08-09T06:48:08.832000Z Soares, Thiago Barbosa <em>Soares, Thiago Barbosa</em>; <br/><br/> RESUMO Empreende-se neste artigo, com o objetivo de descrever e interpretar o processo de produção de sentidos acerca da voz de sucesso, a análise de três textos extraídos de seus domínios virtuais, formulados e circulados pela imprensa brasileira: Vozeirão de Alan Rickman, ator genial do teatro, tinha vida própria (Cury, 2016), publicado na Folha de S. Paulo; Morre o ator inglês Alan Rickman, o professor Snape de “Harry Potter” (Morre, 2016), veiculado em O Popular (2016); e Estudo revela que Alan Rickman tinha a voz perfeita (Moreira, 2016), divulgado na revista Galileu (2016). Os procedimentos teórico-metodológicos, de cunho qualitativo-interpretativista, aqui adotados possuem como base estruturante o arcabouço procedimental da Análise do Discurso. Em categorias mais específicas de emprego, são mobilizados os conceitos de discurso, de condições de produção, de formação discursiva e de interdiscurso. Ante a aplicação teórica aos textos selecionados, compreendeu-se que, ao destacar a voz de um determinado sujeito em um ambiente no qual os efeitos do discurso fabricam imagens eivadas de virtudes socialmente prestigiadas em função da propositura sistemática de retroalimentação de sentidos, a consecução do lastro de sucesso recompensa, com visibilidade e fama, os sujeitos submetidos ao encaixamento das propriedades definidas pelo próprio regime de sucesso midiático das vozes. SINTAXE, DISCURSO E RELATIVAS: E A “SEMÂNTICA” EXALA PAIXÕES 10.1590/1981-5794-e18555 2024-03-15T20:00:10.047000Z 2020-08-09T06:48:08.832000Z Cattelan, João Carlos Oliveira, Isabela Karolina Gomes Ferreira <em>Cattelan, João Carlos</em>; <em>Oliveira, Isabela Karolina Gomes Ferreira</em>; <br/><br/> RESUMO Ancorado na defesa de que, a partir da Escola de Port Royal, teria existido uma circularidade pendular entre a Lógica e a Retórica, pautadas, respectivamente, numa teoria universal das ideias ou no subjetivismo individualista, Michel Pêcheux (1995) se vale das orações relativas como fenômeno linguístico para sustentar o desenvolvimento de uma teoria materialista do discurso amparada, sobretudo, na Linguística e no Materialismo Histórico. Para o autor, nem sempre é possível definir se uma relativa é apositiva ou determinativa, uma vez que elas seriam portadoras de uma ambiguidade que se equaciona apenas à luz das condições históricas de seu aparecimento. É sobre o caráter ambíguo de certas relativas que este estudo se desenvolve, tendo como dados casos recolhidos por alunos de pós-graduação na disciplina de Teoria do Discurso e que tocam em questões sociais polêmicas, porque, no limite, por meio delas, pretender-se-ia estabelecer as “melhores” formas de atuação pessoal. CONTRIBUIÇÕES METODOLÓGICAS PARA A ANÁLISE TEXTUAL FUNDAMENTADA NA CATEGORIA DO TÓPICO DISCURSIVO 10.1590/1981-5794-e18766 2024-03-15T20:00:10.047000Z 2020-08-09T06:48:08.832000Z Garcia, Aline Gomes Souza, Eduardo Penhavel de <em>Garcia, Aline Gomes</em>; <em>Souza, Eduardo Penhavel De</em>; <br/><br/> RESUMO Neste artigo, procuramos oferecer contribuições metodológicas para a análise textual desenvolvida na Gramática Textual-Interativa (GTI), tipo de análise fundamentada essencialmente na categoria do tópico discursivo. Especificamente, nosso objetivo é discutir: (i) a instauração, na construção textual, de tópicos metadiscursivos; (ii) a metodologia de nomeação dos referentes que, no texto, funcionam como tópicos. Analisando descrições, narrativas de experiência e relatos de opinião do Banco de Dados IBORUNA e motivados pelo interesse em contribuir para o desenvolvimento da GTI, argumentamos que a construção de textos, por vezes, envolve um tipo de tópico que pode ser analisado como metadiscursivo, caracterizado por uma centração voltada para a negociação entre os interlocutores e indicação de um tópico a ser instalado no texto. Ademais, discutimos que referentes com estatuto de tópico podem ser descritos pela identificação de expressões referenciais que os explicitam na materialidade textual, pela nominalização de predicações dos interlocutores ou ainda por inferências do analista. Concluímos que os tópicos metadiscursivos estampam a formulação textual intrinsecamente interativa assumida pela GTI, por serem voltados para a própria construção textual, e que apontar métodos de identificação dos referentes que são tópicos é reforçar o estatuto de referente de todo tópico discursivo.